terça-feira, 15 de abril de 2008

Horror, o horror!! (PARTE 01)

Sei que é difícil assumir isso em público uma vez que o fã desse gênero sofre bastante preconceito. Mas eu confesso, sou um fã de filmes de terror. Talvez o preconceito seja por ser considerado um sub-gênero culturalmente pobre, dado ao grande volume de produções de baixa qualidade (Ainda que vários filmes do gênero já tenham sido indicados e vencedores do Oscar em diversas categorias).
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Quem me conhece pessoalmente sabe que eu gosto desse tipo de filmes e por isso mesmo costumo receber muitas críticas, especialmente das mulheres: "Como você pode gostar de sofrer assim?", "Que horror, como alguém aguenta passar horas angustiado dentro do cinema?" (É verdade, esses filmes causam taquicardia, tensão e, em alguns casos, uma angústia desesperadora que não te deixa relaxar medo). Mas a resposta sempre foi um vibrante e audível: "EU ADORO!" (que é logo seguido de um nariz torcido e/ou aquela expressão de coitado...)
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Sim, fãs do horror tem muita dificuldade de arranjar uma companhia feminina para esse gênero de filmes. Se você tem, é um felizardo. Para piorar eu AMO estar acompanhado porque são elas que sabem expressar melhor a sensação de pânico causada por alguns filmes. São elas que interagem melhor com a atmosfera do horror quando emprestam seus gritos, pulos e suspiros à experiência do filme (isso quando não cravam suas unhas em nossos braços... Ahhhhh delícia!). O que torna a sensação de terror ainda mais impactante.
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Eu realmente não sei explicar o porque dessa predileção. Lí em algum lugar que o medo é um dos sentimentos que fazem as pessoas se sentirem vivas (possivelmente quando ele passa... rs). Mas eu concordo totalmente. O legal do filme de terror é a sensação de "pânico sobre controle", sim, porque seu cérebro sabe que você está em um ambiente seguro (o cinema) mas ao mesmo tempo, quando você tem capacidade de interagir com o filme seus sentidos ficam confusos e você passa a agir e pensar como se aquelas cenas absurdas estivessem acontecendo com você (daí, é comum você ver, normalmente mulheres, gesticulando freneticamente enquanto falam para si mesmo (ou não) "sai daí! SAI DAÍ!" "AIMEUDEUS!" e eventualmente "AI, QUE BURRA!!". Isso quando não solta palavrões.
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Um dos filmes que mais me causou essa sensação foi A BRUXA DE BLAIR. Sim, eu sei que 90% das pessoas que vão me ler aqui acham que esse filme foi um lixo. Mas a pergunta é: Você assistiu no cinema? Porque em DVD ele não funciona. Eu estava no clima de toda aquela publicidade toda filme. O "Hype!" tinha me pegado. Apesar de saber que não era uma história real como chegou a ser dito, eu embarquei no filme e sofri. Sofri! O filme é um golpe, eu sei. Mas funciona!
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O clima de documentário, a filmagem amadora e em primeira pessoa (novidade na época), além de toda a mitologia criada pela Bruxa que existiria nas florestas de Burkitsville, me contagiaram. No cinema, um silêncio absurdo (Até porque não é um filme de sustos mas provoca mal-estar e muita, muita tensão).
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O filme começa com um ritmo lento mostrando os personagens interagindo entre sí enquanto coletam relatos dos habitantes locais sobre a suposta bruxa. Mas a coisa muda de figura logo que os três jovens se vêem perdidos no meio da floresta (ainda que possuam um mapa nas mãos). E a partir daí que surgem os primeiros sinais de bruxaria (e a câmera tremendo), o desaparecimento de um dos jovens (e a câmera tremendo), gritos angustiados durante a madrugada (e a câmera num surto epiléptico!) e... "OH MEU DEUS! O QUE É ISSO AMARRADO NESSE PANINHO? SÃO DENTES? UMA LÍNGUA??", - "JOSH!!!" JOOOOSHHHHHHHH!!" (E a câmera... quem é que consegue olhar para tela?) Até hoje eu não sei o que havia alí.
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Ao fim do filme eu concluo que: - Se tivesse aparecido alí na tela a porra de uma bruxa, eu não estaria aqui para escrever esse texto. Tinha infartado alí mesmo, no cinema, naquele instante! Para se ter idéia do terror, tive que fazer fisioterapia para poder soltar os dedos da poltrona de tão tenso que estava! Fiquei incomodado por dias. A Bruxa de Blair foi responsável, à epoca, pela consequência mais aterradora de todas: Estragou minha vida sexual naquele período (ou você achava que eu conseguia ganhar alguém perguntando para todo mundo: "Você viu o que aconteceu ao JOSH??" "Não, é sério? O QUE ACONTECEU AO JOSH?" )
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Mas antes da Bruxa de Blair chegar aos cinemas, eu já sentia medo. Muito medo. E o meu medo tinha um nome, "O iluminado". O filme de 1980 é baseado em um livro de Stephen King. No filme, "Jack-Tiozão-Prezepeiro-Nicholson" vive "Jack Torrance" que é contratado como segurança de um hotel que fica em toda a estação de inverno coberta pela neve. Ninguém entra ou sai e a única comunicação com o mundo exterior só pode ser feita por um rádio.
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Assim, se mudam para o hotel, Jack, sua mulher e seu filho, onde terão que conviver sozinhos por um looongo tempo. O problema é que o isolamento começa a desencadear estranhas reações psicológicas em Jack, tornando extremamente perigosa a convivência com ele. Ao mesmo tempo, fatos bizarros sobrenaturais parecem ocorrer também com seu filho. E finalmente, tem o Stanley Kubrick dirigindo (isso sim dá medo!).
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Quando assisti esse filme pensei que o Kubrick, tinha algo pessoal contra mim e desejava minha morte. Assim, de repente. Branco de medo e de cabelo em pé. Pelamordedeus! O que é aquela velha no banheiro? E aquelas duas menininhas gêmeas no corredor? MALDITO VELOTROL!!! Por conta desse filme, até hoje, sou do tipo que entra em catarse em momentos de stress elevado, levanto o dedo indicador e repito em um tom hipnótico e com olhar vago: "REDRUM! REDRUM!" (Você não entendeu? Então você não assistiu ao filme! E não, não sou vidente!)
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Depois disso, a sensação de terror voltou em 1999, quando eu, ingenuamente fui ao cinema acompanhar a história de um menino que procura a ajuda de um psicólogo porque achava que podia- "see dead people"- se comunicar com os mortos e que esses, segundo ele, muitas vezes, não sabiam da sua condição.
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Eu ainda consigo me lembrar da sensação de pelos eriçados na nuca quando assisti "O SEXTO SENTIDO" pela primeira vez. Em particular, o meu nível de stress se deu naquela cena da menina que vomitava, ou quando o moleque é trancado num quarto em uma festa, ou finalmente quando... (REDRUM! REDRUM!) - Sr. Shyamalan, se o senhor estiver lendo, muito obrigado pelas noites sem dormir!!
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Mas o trunfo do filme está no final. Aquela sensação de surpresa quando a aliança cai e todas as peças fazem sentido. Só assistindo para entender -Se alguém te falar o final desse filme, está te roubando uma das maiores diversões de todos os tempos! Não deixe nunca ninguém fazer isso. Se tentarem, ao menos uma vez, soque-o na cara antes que te revelem que o Bruce Willis... -OUCH! (da cara dão!)
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Enfim, depois do meu post sobre filmes de ficção, recebi muitas reclamações quanto aos tamanhos dos textos (Eu acho que me empolgo quando o assunto é interessante). Algumas das pessoas que tem acompanhado o blog durante o horário de trabalho (estatísticas apontam que 97,9%), reclamam que textos longos tem afetado a produção. De acordo com recentes pesquisas, os textos do meu blog tem sido responsáveis por 13,7% das suspensões sem remuneração e por 0,9% na queda do PIB nacional*.
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Sendo assim, em respeito as poucas almas desgarradas que lêem essas muitas palavras vou encerrar esse por aqui como parte 01 ou para ser mais dramático "to be continued" (Tela escura com letras brancas... )
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Aguarde nossa emocionante conclusão a seguir.
TCHAN-TCHAN-TCHAAAAAANNNNNNN!!!
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* Como disse o sábio Homer Simpson uma vez: "As pessoas inventam estatísticas para provar qualquer coisa. 40% das pessoas sabem disso"

3 comentários:

Anônimo disse...

Em minha vida não tenho tempo nem para respirar quanto mais ficar navegando ou lendo coisas na internet, mas sempre SEMPRE arrumo um tempinho para ler seus posts. Me divirto muito e o povo aqui do trabalho acha que sou louca por dar tantas gargalhadas sozinha na frente do computador. Você escreve muito bem e é tão engraçado como pessoalmente e o mais incrível é que dá pra perceber em cada palavra o seu modo de falar. Quase morri de rir com seu último post e o penultimo também aliás todos eles.
Por favor nunca deixe de escrever e POR FAVOR escreva um livro! Pode ter certeza que eu compro.
Parabéns pelo blog.
Tchauzinho.

Érika Silva

Ikarow Wax Wings disse...

Nossa Erika,

Muito obrigado pelas palavras.Vou fazer o possível para atualizar o mais rápido possível.

De qualquer forma, fico muito feliz em saber que vc está curtindo o blog e mais feliz ainda por saber que minhas estatísticas sobre as pessoas que leem meu blog no horário de trabalho estavam certas!! rs

Um beijo e continue acompanhando.

Ps - Não seja egoísta e divida com os amigos (amigas) do trabalho também... nada como uma boa risada grupal para começar o dia! rs

James Figueiredo disse...

Grande Eron!

Cara, muito legal o teu blog - SENSACIONAL a avaliação de Bruxa de Blair (também me senti apavorado assistindo ao filme no cinema), e o texto do velho no posto de gasolina é genial, me lembro até hoje de você contando a história na (fatídica) ida à Goiânia!

Grande abraço, e apareça pelo meu blog também!

J.